Nascido no Rio de Janeiro, em 1907, Oscar Niemeyer tem sido o arquiteto brasileiro que acumula o maior número de prêmios internacionais, bem como exibe um conjunto de obras realizadas no Brasil e no exterior que o coloca como um dos expoentes da arquitetura universal.
Formado em 1934 pela Escola Nacional de Belas Artes, o primeiro trabalho que elaborou - como membro da equipe liderada por Lúcio Costa e consultoria de Le Corbusier - para a sede do Ministério de Educação e Saúde em 1936, caracterizou-se como um marco da arquitetura moderna mundial.
Em 1939, em colaboração com Lúcio Costa, executa o projeto Pavilhão do Brasil para a exposição em New York.
Em 1940, com a obra da Pampulha - Cassino, Casa do Baile, Iate Club, e a Igreja de São Francisco de Assis - passa a ser conhecido internacionalmente, demonstrando com formas livres as possibilidades do concreto armado, destoantes da linguagem corrente da arquitetura racionalista de então.
Em 1947participa da equipe responsável pelo projeto da sede da Organização das Nações Unidas - ONU, em New York. Nos dez anos seguintes consolida sua obra no país até que, em 1960, com a construção da nova capital - Brasília - alcança prestígio e reconhecimento internacional ao projetar os principais edifícios públicos e palácios-sede do governo, como o Palácio da Alvorada, da Justiça, do Planalto, dos Arcos, e a Catedral de Brasília -, todos eles marcados pelo arrojo estrutural e inovadores da estética arquitetônica. Criador e fundador da Universidade de Brasília, com a implantação do regime militar, juntamente com a maioria dos seus docentes, afasta-se da mesma, e o período de perseguições e repressão política se instala a seguir no país, leva-o a aceitar diversos convites de trabalho no exterior.

Com escritório montado em Paris e tendo recebido do governo francês o prêmio "Legião de Honra da França", "Medalha de Ouro" da Academia de Arquitetura da França e membro do Comitê dos Conselheiros Artísticos da UNESCO, realiza obras no mundo inteiro, das quais se destacam o Edifício -Sede da Editora Mondadori, na Itália; o Centro Cultural do Havre e sede do Partido Comunista Francês, na França; Universidade de Constantine, em Argel; e os planos da Cidade de Neveg, em Israel; Plano de Urbanização do Algarve, em Portugal; Centro Cívico e Administrativo de Argel; Centro Residencial de Estudantes em Oxford, Inglaterra, entre outros.
De volta ao Brasil, continua em intensa atividade, destacando-se em 1983 as obras da Passarela do Samba (Sambódromo) e o conjunto de escolas pré-fabricadas - CIEPs, no Rio de Janeiro.

Entre seus projetos mais recentes encontram-se a Sede do Jornal "L Humanité", na França; o Panteão da Liberdade, na Praça dos Três Poderes, em Brasília; o projeto para a Embaixada Brasileira em Cuba, o Memorial da América Latina, em São Paulo.
Entre os inúmeros prêmios recebidos destacam-se o Prêmio Lênin da Paz em 1963; Prêmio "Lorenzo il Magnífico", Itália, 1980; Membro Honorário da Academia de Artes da URSS, 1983; Membro Titular da Academia Européia das Ciências, Artes e Letras, 1983; Doutor "Honoris Causa" da Academia de Construção da República Democrática Alemã, 1988; Pritzker Architecture Prize - Estados Unidos, 1988; Membro Honorário do "Royal Institute of British Architects", Inglaterra, 1989 ace, no mesmo ano, o Prêmio Príncipe de Asturias de Las Artes, Espanha.
No campo da escultura, são conhecidos os projetos do Monumento a Carlos Fonseca Amador, Nicaraguá, 1982; Monumento Cabanagem, Pará, 1984; Monumento "Tortura Nunca Mais", Rio de Janeiro, 1986; Monumento aos "Três operários assassinados durante a greve de novembro de 1988, em Volta Redonda e a escultura na Praça Cívica do Memorial da América Latina , 1989.
Fonte: Integração da Artes - p.106 /1990 .
Croquis
Pesquisas formais
A primeira fase da trajetória de Niemeyer corresponde ao período que vai até Brasília. O arquiteto centenário se consagra de imediato com a construção da Pampulha, em Belo Horizonte, um dos primeiros projetos que realizou. Nessa etapa, além das pesquisas formais - que constituem a base de toda a sua obra -, Niemeyer tem a oportunidade de trabalhar com a escala urbanística em São Paulo (no CTA, localizado na cidade de São José dos Campos, e no parque Ibirapuera, na capital) e passa pelas primeiras experiências no exterior - em Nova York (Pavilhão do Brasil na exposição mundial e sede da ONU) e na Alemanha (unidade habitacional no bairro de Hansa, Berlim). Além disso, atua na implantação de novas construções no tecido histórico de cidades como Ouro Preto e Diamantina, onde se localiza a escola publicada nesta edição.
A primeira fase da trajetória de Niemeyer corresponde ao período que vai até Brasília. O arquiteto centenário se consagra de imediato com a construção da Pampulha, em Belo Horizonte, um dos primeiros projetos que realizou. Nessa etapa, além das pesquisas formais - que constituem a base de toda a sua obra -, Niemeyer tem a oportunidade de trabalhar com a escala urbanística em São Paulo (no CTA, localizado na cidade de São José dos Campos, e no parque Ibirapuera, na capital) e passa pelas primeiras experiências no exterior - em Nova York (Pavilhão do Brasil na exposição mundial e sede da ONU) e na Alemanha (unidade habitacional no bairro de Hansa, Berlim). Além disso, atua na implantação de novas construções no tecido histórico de cidades como Ouro Preto e Diamantina, onde se localiza a escola publicada nesta edição.

Residência Prudente de Moraes Neto (1943), Rio de Janeiro

Fábrica Duchen (1950), São Paulo

Yacht Club e Cassino da Pampulha (1940), Belo Horizonte

Residência M. Passos (1939), Miguel Pereira, RJ

Residência Cavanelas (1954), João do Rio, RJ

Hotel Tijuco (1951), Diamantina, MG

Residência (1952), Canoas, RJ

CTA (1947), São José dos Campos, SP

Residência (1949), Mendes, RJ

Pavilhão do Brasil (1939), Nova York, EUA

Hotel (1938), Ouro Preto, MG

Sede da ONU (1947), Nova York, EUA

Museu de Caracas (1955)

Parque Ibirapuera (1951), São Paulo

Igreja de São Francisco de Assis (1940), Belo Horizonte

Palácio da Alvorada (1957), Brasília
Arquitetura oficial
Em Brasília, a arquitetura de Niemeyer torna-se oficial: ela materializa, com os palácios e edifícios da nova capital do Brasil, um desejo de modernidade que fazia parte de um grupo da elite política, econômica e cultural do país. Nessa fase, o arquiteto é influenciado pelas arcadas das grandes construções da humanidade. Contudo, deixando de lado os ícones brasilienses - como os palácios da Alvorada e do Planalto, a catedral e a sede do Itamaraty (Palácio dos Arcos) -, pinçamos uma obra menos conhecida e quase anônima: o módulo residencial, exemplificado pelas superquadras 107 e 108 Sul. Nele, Niemeyer estabelece o exemplo a ser seguido por diversos arquitetos. Nas SQS 107/108, além das lâminas de apartamentos, ele criou a igreja, a escola e o cinema.

Teatro Nacional (1958), Brasília

Palácio do Planalto (1958), Brasília

Catedral de Brasília (1958)

Sede do Itamaraty (1962), Brasília

Congresso Nacional (1958), Brasília

Centro espiritual dos dominicanos (1967), Saint-Baume, França
Planeta curvo
Com o golpe de 1964, Niemeyer passa a enfrentar dificuldades para realizar seu trabalho. A partir do aumento da demanda de projetos no exterior, e depois que os militares no poder recusam sua proposta para o aeroporto da capital federal, ele toma uma decisão radical: parte para o auto-exílio na Europa. Com escritório baseado em Paris, faz diversos projetos, principalmente para países mediterrâneos: França, Itália, Argélia e Israel. Alguns desses edifícios são muito conhecidos - entre eles estão a sede do Partido Comunista Francês (PCF), em Paris; as instalações da editora Mondadori, na cidade italiana de Milão; e a universidade de Constantine, na Argélia. Outros, no entanto, foram pouco divulgados. Um deles é o conjunto de hotel e cassino na ilha da Madeira, o único projeto do arquiteto construído em Portugal.

Sede do jornal L’Humanité (1987), Paris

Mesquita (1968), Argel

Sede da Mondadori (1968), Milão, Itália

Casa Rotechild (1965), Israel

Universidade de Constantine (1969), Argélia

Torre em La Défense (1973), Paris

Alojamento de estudantes (1973), Oxford, Inglaterra

Fata (1975), Turim, Itália

Sede do PCF (1965), Paris

Bolsa do Trabalho (1972), Bobigny, França

Centro cultural (1972), Le Havre, França

Sede da Cartiere Burgo (1979), Turim, Itália

Conjunto em Vicenza (1978), Itália

Caminho Niemeyer (1997), Niterói, RJ
Herói da resistência
Com o retorno do Brasil ao regime democrático, Niemeyer retoma com toda a força seus projetos em solo nacional. Nesse sentido, são simbólicos seus trabalhos recentes em Brasília - o Memorial JK e o Panteão da Liberdade, por exemplo - e o atendimento às novas demandas dos governos de matiz esquerdista, sobretudo Leonel Brizola, que, como governador do Rio de Janeiro, encomendou ao arquiteto locais de ensino (os Cieps) e lazer (o Sambódromo). Aliás, nesse período Niemeyer é requisitado por políticos de todas as tendências, principalmente em programas de finalidade cultural, deixando marcas nas cidades em que constrói. É o “Niemeyer effect”, em São Paulo (Memorial da América Latina), Niterói (MAC e Caminho Niemeyer) e Curitiba (Museu Oscar Niemeyer). Recentemente, mais um projeto seu foi concluído: o Centro Cultural de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, inédito em publicações e mostrado a seguir.

Memorial JK (1980), Brasília)

Aquário (2003), Brasília

Ciep (1984), Rio de Janeiro

Praça Maria Aragão (1998), São Luís

Memorial da América Latina (1987), São Paulo

Museu de Arte Contemporânea (1993), Niterói, RJ

Museu do Cinema Brasileiro (2001), Niterói, RJ

Panteão da Liberdade (1985), Brasília

Museu do Índio (1982), Brasília

Auditório Ibirapuera (2002), São Paulo

Auditório em Ravello (2003), Itália
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