
Um comprido edifício assemelha-se a um iate, ancorado junto ao maciço rochoso de uma ilha no lago Mahopac, em Nova Iorque, silhueta projectada sobre as águas em longas linhas horizontais; betão, vidro, pedra e cobre formam uma estranha amálgama com a paisagem natural. Assim é a casa Massaro, concluída em 2005 e projectada pelo famoso arquitecto americano Frank Lloyd Wright há mais de 50 anos.

Quando Joe e Barbara Massaro adquiriram o terreno há uns anos atrás verificaram existia um projecto para aquele local destinado ao anterior proprietário que Wright havia feito em 1950. O projecto era parco em informações: apenas alguns desenhos a lápis, entre os quais se incluiam uma planta, um corte e as fachadas; nenhuma indicação construtiva, nenhum pormenor. No entanto, o pouco que viram chegou para os impressionar e convencer a levar a cabo a tarefa irreal de construir a sua casa de acordo com o projecto do mestre.

Para o efeito contrataram o arquitecto Thomas A. Heinz que durante anos estudou e foi responsável por diversas restaurações de obras de Wright e que, a partir dos escassos elementos disponíveis, produziu um projecto completo tanto quanto possível fiel à ideia original.

No fundo trata-se de uma variação dos conceitos que presidiram às Usonian Houses e à celebérrima Falling Water, cujas semelhanças são por demais evidentes.

Independentemente das qualidades intrínsecas da casa agora construída e da lição de História que esta "viagem no tempo" proporciona, há outras questões importantes que devem ser lembradas. A mais evidente é a do sentido que faz construir no tempo presente um projecto concebido há 55 anos para um contexto totalmente diferente. É como se, estabelecendo uma perspectiva radical, se construísse agora um templo grego... Só assim se percebe porque é que em vez de uma obra deslumbrante e inovadora como eram invariavelmente as obras de Wright o resultado final pareça patético e anacrónico.


Wright não daria o seu acordo, por certo. Esperemos que não esteja a revolver-se no túmulo...



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